O Dasein tem sido caracterizado como o ente ao qual é dado existir, ou seja, quer dizer que tem sempre, e necessariamente, um comportamento determinado a respeito de seu ser. Este comportamento pressupõe uma certa compreensão do seu ser. Chamámos à compreensão explícita do ser uma “compreensão ontológica” (SZ:12); é por isso que o Dasein, compreendendo sempre o ser de um certo modo, é em si mesmo ontológico. Mas há uma diferença entre a compreensão ordinária do ser (sem a qual o Dasein não poderia existir) e a compreensão temática, explícita, que coloca a questão do sentido do ser — e que constitui a compreensão ontológica propriamente dita. Para distinguir entre elas, Heidegger chama à primeira uma “compreensão pré-ontológica” (vorontologische Seinsverständnis). E como o Dasein está no seu mundo ao existir, a compreensão do seu ser e do mundo é — a este nível — uma compreensão existencial, o que significa que está relacionada com a sua existência de fato. (Biemel)